segunda-feira, 30 de julho de 2012

sobre o trabalho.

Para quem não sabe eu trabalho com miúdos. Gosto de os chamar de miúdos mas, na realidade, a maior parte deles já está em fase de pré-adolescência portanto, e reformulando, trabalho com miúdos a entrar na idade do armário. Não é fácil, óbvio que não é. Têm a mania que são adultos, que ninguém os compreende, que chamamos a atenção para coisas que eles nunca estão a fazer, ouvimos muitos sou sempre eu e, ás vezes, quando eles acham que não estamos a ouvir, dizem palavrões. Sabem tudo, sabem sempre tudo. E têm a melhor PSP e o melhor computador e os melhores programas. Ás vezes tenho medo desta geração no futuro. Eu tive um telemóvel quando tinha quinze anos. Eles nascem com um telemóvel na mão. O meu primeiro telemóvel foi um nokia 3310 que bloqueava sempre que tentava escrever uma mensagem. Eles têm blackberries e htc e iphones. Eu mexi pela primeira vez num computador andava no sétimo ano. Eles, no sétimo ano, já são quase engenheiros informáticos. Eu soube o que era o red tube há pouquíssimo tempo. Eles...vá, nem comento. Eu com doze anos ainda andava na praia a fazer castelos na areia e só usava a parte de baixo do bikini. Elas vão para a praia e apaixonam-se e metem-se com o nadador salvador mais velho dez anos.
Percebem onde quero chegar? Não acho que seja uma geração perdida, eles são todos excelentes alunos e inteligentes, mas que é uma geração que não dá valor a nada. Que passa o tempo a viver online e não brinca na rua. Que tem muita informação e, ás vezes, não sabe o que fazer com ela. E aqui entramos nós, os adultos, os modelos, as pessoas que os chateiam, que lhes dizem e mostram que a vida não vai ser assim tão fácil como eles aprendem nos jogos, que vão ter de crescer e lutar pelos os objectivos se querem ser alguém na vida, que os pais não vão estar sempre lá para lhes dar tudo. Para mim, basta-me a certeza que eles têm óptimos pais, que ainda vão crescer e aprender muito e que, um dia, serão excelentes adultos. 



[e este trabalho é bom, muito bom. são tantos os momentos e os meninos guardados no meu coração - sorte a minha de ter um coração gigante para caber tanta gente - e os beijinhos pela manhã e pelo fim do dia, e perguntarem-me se os meus amigos estão bons e onde fui no fim-de-semana e se já tenho namorado  e achas que este menino dos OneDiretion é mais bonito que aquele e olha mais esta música e ai, tu és tão linda, Sarinha e ai quando é que te casas e tens filhos e essas coisas todas. É, eu sou quase a irmã mais velha deles. E sou uma mimada. E, sim, tenho uma sorte do caraças de conhecer cada um deles.]

3 comentários:

Roxanne disse...

pois, é uma geração que tem tudo de mão beijada e que não sabem muito bem o quené ter valores.

Maria Bem me Quer disse...

Assusta-me um bocado esta geração, por tudo o que dizes. Porque não sabem dar valor a muitas coisas, porque foram ensinados de que não é preciso muito para que tudo lhe caia no prato.
E a maioria deles em casa, mandam nos pais e eles é que ditam as regras e ai de quem toque nos meninos.
Eu tenho hoje 32 anos, mas no meu tempo de primária, levava reguadas por me virar para trás a conversar e se chegasse a casa e contasse o que tinha acontecido, ainda ouvia e apanhava dos meus pais quando chegava a casa. A geração de hoje, ai dos meninos que se a professora ralha vamos em peso fazer-lhe uma espera e dar-lhe uma tareia.
Acho que nem um extremo nem outro, no entanto, só lamento que no meio de tudo os valores deixem de ser importantes, como a educação, o respeito e afins...
Desculpa lá o testamento, mas é apenas a minha humilde opinião.
Um beijinho

Cat disse...

Tenho uma irmã e um irmão mais novos e sinto muito muito isso. Nem temos uma diferença assim tão grande de idades mas parece que as coisas mudaram tanto da minha infância/pré-adolescência para a deles. São cada vez mais precoces, mais desligados, não dão valor a nada e isso tudo que tão bem descreveste. Depois também penso se isto não será sempre o que pensa a geração anterior da geração seguinte, se os nossos pais não terão pensado o mesmo de nós e por aí fora.. Mas acho, sinceramente, que os tempos estão a mudar muito e não para melhor.