terça-feira, 10 de novembro de 2009

Carta XXII

Ainda consigo sentir o sabor dos teus lábios, o cheiro da tua pele, o som da tua voz… Fecho os olhos e ainda sinto as tuas mãos a percorrerem o meu corpo, ainda sinto a tua respiração ao meu ouvido, ainda sinto o teu olhar fixo no meu. Quero arrancar-te de mim, mas a verdade é que ainda estás demasiado entranhado no meu corpo, na minha alma, no meu ser… Não me queres, já me disseste… Mais do que uma vez até… Dizes que gostas, que chegas até a amar, mas não me queres. E eu espero, um dia… outro…outro e outro… E nada muda… Há um momento em que tudo muda, sentes a minha falta, não sabes o que fizeste, achas que foi o maior erro da tua vida… Mas passa, no instante seguinte, e afinal não devias ter dito nada daquilo… Estavas confuso, só isso! Pedes desculpa… eu desculpo… e volta tudo ao mesmo... Eu a sentir-te em mim como sempre senti, eu cheia de ti sem saber o que fazer aos dias sem que faças parte deles. Afundo-me em lembranças e recordações… Lembro a primeira saída, o primeiro beijo, a primeira noite que passámos juntos… Lembro como ríamos abraçados na cama, lembro-me da gargalhadas de menina ingénua e das lágrimas que chorei no teu peito… Lembro-me do abraço e dos carinhos, lembro o teu sorriso e a sede que tinhas de mim… Lembro os sonhos, os planos, as promessas… Lembro com mágoa tudo o que perdi… Tudo o que nunca tive…

Hoje sei que chega… Chegou a hora de seguir em frente e procurar o meu caminho… Prometo não tentar mais nada, nunca mais! Sei que te incomoda… Prometo todos os dias conseguir apagar um bocadinho de ti em mim… A cada dia tornar mais distante o som da tua voz, deixar de sentir o cheiro da tua pele, esquecer o sabor do teu beijo. Prometo que todos os dias farei para que tudo se una numa só lembrança, a lembrança de um sonho do qual acordei sem querer, para que então possa dizer que já não te sinto mais em mim.

Chegou a hora da despedida... despedida que eu já adiei demais e que se impõe agora como única saída. Portanto, esta é a minha despedida... Prometo...
Por M.
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Obrigada M. pela tua contribuição. =)

4 comentários:

Nuvem disse...

E como é difícil despedir-mo-nos de uma pessoa que nós continuamos a amar, mas sabemos que não nos ama e não nos faz feliz.
Muito boa a carta!

AquiloQueEuSou disse...

Linda! :)

*

:) disse...

Muito bem escrito, cheio de emoção.

É pena que certas relações não se concretizem. Mais pena é que, para nos libertarmos delas, as tenhamos de esquecer. Não daria para guardar todos os bons momentos, ainda que irrepetíveis, e simplesmente... sorrir por os ter vivido, sem mágoas?

P.S.: Para quando um texto "Já(Ainda/Sempre) te sinto em mim"? Serão todos fortes mágoas? Terei eu de escrever um?

:)

Malmequer disse...

Obrigada =)

Gimbras, os bons momentos foram muitos... Tantos... Nem imaginas! Mas sabes que às vezes fca uma nuvem negra por cima de todas as boas recordações e eu não consigo relembrar um momento que seja sem que essa nuvem apareça me faça sentir cá dentro aquilo tudo outra vez...

Quanto ao texto Já/Ainda/Sempre te sinto em mim... Quem me dera ser eu a escrevê-lo... Quem me dera ser eu a senti-lo!