quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Carta XVII

Já não te sinto em mim.
Olho para o céu e tudo o que foste começa a tornar-se num rasto. Eu podia ter-te sorrido, podia ter-te deixado ficar, já eram tantas as vezes em que quase partias, era só mais uma vez agarrar as tuas mãos... mas eu nunca voei contigo. Consumiste-me o tempo que te entreguei em mãos como se fosse teu. A tua sede de te amar, os momentos, os laços cortados com a pressa de uma palavra rasgada ao vento - eu quis ver-me livre de ti assim que me foi possível. E se foram muitas as vezes em que te disse que te amava para sempre, hoje digo-te que o amor não tem de ser eterno, que nós é que nos iludimos, digo-te que há outro sorriso no lugar do teu e que, afinal, eu não precisava de ti... E eu avisei-te tantas vezes. Comparei-te ao eterno mas também o eterno se perde com o tempo, é dura a escolha que fazemos do destino, eu escolhi nunca mais te querer a meu lado - vezes demais a vida me doeu por tua causa... E se, por vezes, me fizeste sorrir e o teu riso ainda ecoa na distância do caminho, foram muitas as vezes em que escondi de ti as lágrimas que desfiava ao luar - eu disse-te que gritava por dentro o tempo todo... quantas vezes? Tu nunca acreditaste... Então eu desisti, como se desiste de um jogo antes de se perder, larguei a tua mão, com o pouco que me restava, e fiz o meu caminho, mesmo sem saber em que esquinas virar - qualquer rua é melhor do que a que corri contigo. E porque já não me és quase nada senão pena, o teu rosto longe de mim como nunca, já não me serves de sol nos dias de chuva nem de abraço nas noites frias... eu já não preciso de ti como sempre pensei que precisava, afinal não eras tudo, o teu nome no meu peito nunca mais - avisei-te tantas vezes... Adeus.
Por Katie.
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Obrigada Katie pelas tuas contribuições. =)
Agredeço a toda a gente que tem enviado cartas fantásticas. Todas serão publicadas.
Continuem a (não) sentir e a escrever. Eu e os leitores agradecemos.
[E desculpem o atraso na publicação. Ontem o temporal também andou por estes lados!]

7 comentários:

Nuvem disse...

Linda!!!
É incrível como nos conseguimos identificar com tantas e tantas das cartas que vais publicando.
Também eu jurei amor eterno e sentia que estava a gritar por dentro, lutava comigo mesma.
E também eu optei por me afastar e seguir o meu caminho, sozinha, até aparecer alguém que merecesse agarrar a minha mão.
Parabéns pela linda carta!

Pipoca dos Saltos Altos disse...

Autchhh! Esta carta é completamente despida de pretensiosismos mas repleta de uma desilusão salpicada de coragem. Adorei.

ninguém disse...

Obrigada, Nuvem, obrigada, Pipoca, e obrigada, Lua, por teres publicado! Beijinhos

ninguém disse...

Aii, esqueci-me, Lua, tens um desafio no meu blog, caso ainda não tenhas feito aquele. Beijinhos

MN disse...

Adorei esta carta.
Tive mesmo de comentar. Parecia que estava a ler a minha vida, nos ultimos tempos.
Custa tanto não poder voltar a olhar para o passado, não poder voltar a dar a mão ao amor de tanto tempo. Mas a vida abre novas estradas, por onde, de certeza vamos dar alegres passos.

Dizer adeus custa, mas não deixa de ser um alivio.

jagga disse...

muito bom katie ;) muito bom

:) disse...

Ficou muito fixe!