terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Carta XXVIII

Meu Amor, ELES não sabem o que dizem.

Dizem por aí que a paixão acaba. Ao fim de uns meses ou de poucos anos, mas acaba. Que é uma “patologia” que nos faz perder a individualidade, o raciocínio e a razão. Que se gasta com o tempo e o conhecimento mutuo, que debilita a mente, que se traduz num vício e num sedativo. Dizem por aí os médicos, os psicologos e os demais entendidos. E eu digo que não. Digo que após 2368 dias contigo continuo a precisar infinitamente de ti, a perder a razão por ti, a sentir saudades imensas, a desejar-te cada vez mais, a sentir o coração apertadinho de felicidade, a ter borboletas na barriga, a perder-me em nós.

No seu “Elogio ao Amor”, o MEC diz que “já ninguém aceita amar sem uma razão”, ama “porque dá jeito”, “porque faz sentido”... E eu digo que não é verdade. Que nós somos tão diferentes um do outro que por vezes, seria bem mais “fácil” afastar-nos. Que é difícil crescer juntos, que é difícil ceder ao outro, que é difícil fazer escolhas mas nós fizemos. Gritamos. Choramos. Passamo-nos muitas vezes. Desiludimo-nos. Perdemos. Discutimos. Cantamos. Mas... Lutamos. Rimo-nos desalmadamente. Vimos coisas novas. Amamos. Experimentamos. Ganhamos.

Dizem por aí que a paixão acaba para depois dá lugar ao amor ou... a nada. Parece que é um sim ou sopas. Paixão ou Amor. Loucura ou Serenidade. E eu digo que não. Porque tu és a minha insanidade e a minha calma, o meu medo e a minha constante, o meu oposto e o meu similiar, o meu amante e o meu melhor amigo. E eu conheço-te bem, os teus defeitozinhos todos, às vezes sei até o que pensas, sei o que gostas e o que fazes por gostar, o que é fácil e o que é difícil, o que te tira a carapaça que insistis em usar, o que devo desenhar no Pictonary para seres só tu a adivinhar, como fazer para te convencer, e mesmo assim, tu consegues superar-te e surpreender-me todos os dias. Não com ramos de rosas ou jantares à luz das velas, mas com pequeninos gestos que me derretem ou me fazem sorrir. Muito. E é por isso que continuo apaixonada, porque te re-inventas e te mostras sempre mais um bocadinho. E porque me conheces, o pacote completo, cheio de qualidades e defeitos. E porque me amas, me fazes sentir única, especial, fantástica. E és tão perfeitinho para mim que quase enjoa. Que quase ameaça passar. Mas não passa e não vai passar. Porque nós não seguimos padrões, nós não somos um cliché. Damos luta, a um, a outro e aos outros.

Por isso, meu amor, eles não têm razão. Não têm e não podem. Não há padrões, não há definições que se encaixem. Somos nós que definimos as nossas regras, o nosso amor, a nossa paixão. Somos só nós.



Por Vera


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Eu sei que devia ter postado no dia 8, dia em que o namorada da Vera fazia anos, mas pronto, vai atrasada mas não falha!
Obrigada Vera!

8 comentários:

Lila* disse...

Fantastica!!!
É incrivel como ao fim de tt anaos vc ainda sentem tudo isso:) E aind sao tao felizes:)

*

Anónimo disse...

Uma das cartas de amor mais lindas que já li. Parabéns! Têm sem dúvida uma relação muito bonita, de fazer inveja a muita gente, com certeza.

Também eu gosto de acreditar que a paixão não se esgota. Que assim seja.

Muitos anos de felicidade para os dois (:

Gabriel disse...

Ó Vera e isso tem algum jeito?! Claro que depois és acusada de batota em steams e agricolas, já tens os próximos 3 turnos do Tó na cabeça :P

ninguém disse...

Uauu... eu lembro-me tão bem de como é sentir isso tudo =) e vale tanto a pena... hang in there!! ;)

Vanessa Souza disse...

Que a paixão tem algo de patológico eu concordo.

Mas é tão boa essa doença...

Sara Francisco disse...

Está tão bonita e tão... perfeita!

E o melhor é que há coisas que não dão para escrever, logo é ainda mais do q todas estas coisas fantásticas que descreveste :)

Nokas* disse...

A carta está de facto lindíssima e o melhor é perceber que há sentimentos e relações assim tão boas =)

Lua eu bem que já devia ter participado nesta tua rubrica mas sempre que abro o word para tentar escrever algo decente, nao saiem as palavras certas. Anyway, o que importa é que se sente cá dentro =)

Vera disse...

Obrigada a todos ***