segunda-feira, 6 de julho de 2009

Carta VIII

Já não te sinto em mim.É com alivio que te escrevo isto. Passados tantos anos já não te sinto em mim. Já não acordo sobressaltada à noite, já não sonho contigo. Já não és um fantasma que me atormenta, que toma conta dos meus pensamentos, da minha vida...Tudo o que passámos, o que vivemos está agora guardado num sitio muito especial dentro de mim, as coisas boas, as más preferi esquece-las.Sei que, de vez em quanto, hei-de ir a esse lugar especial buscar-te para te pensar, te sentir novamente, mas prometo-te que te colocarei lá novamente, bem fechado.É espantoso como o tempo apaga as feições, já faço um esforço enorme para te definir na minha mente, para lembrar o teu rosto que tanto amei, que me fez tão feliz. Mas é igualmente espantoso como o tempo não leva as sensações, os cheiros, as memórias, por vezes tremo da cabeça aos pés quando vou na rua e o teu cheiro me vem à memória.Já não te sinto em mim como o castrador da minha vida, já ao te procuro em novos rostos, em novas silhuetas.Talvez tenha sido cobarde ao deixar a cidade onde nos conhecemos, mas digo-te agora que sempre tive medo de ir na rua e de voltar a encontrar-te, de voltar a cruzar o meu olhar com o teu. Não sei qual seria a minha reacção, penso que nunca saberei.Sei que já me deves ter esquecido, vives com outra pessoa, fizeste família com ela e, durante anos, monopolizaste os meus sentimentos, e nem te deves ter apercebido do mal que me fizeste, da marca que me deixaste. Nunca deixei que soubesses o quanta falta me irias fazer, deixaste-me e saí em grande, fiz-me de forte, mas, ainda à tua frente, estava a desmoronar-me por dentro.Foste o melhor e pior que me aconteceu na vida, despertaste-me para um sentimento tão forte e tão grande que ainda hoje tremo só de o pensar.Fizeste-me sentir amor, raiva, carinho, impotência, e por vezes tudo isto misturado. Abalaste o meu mundo d uma forma que nunca tinha acontecido e que nunca mais vai acontecer. Agora, na tua cidade, estás com outra mulher, abraças outro corpo todas as noites, vives a tua vida indiferente à lembrança de mim... Mas já não me importo... Já não te sinto em mim, já não fazes parte da minha pele, do meu cheiro, dos meus sentidos.Já te deixei para trás, ficaste no passado, tal como ficaram as ideias do príncipe encantado, do castelo...Já não te sinto em mim...
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Obrigada Ana.
Escrevam cartas (não) sentidas e enviem. Mais aqui.

4 comentários:

Senhor das Chaves disse...

Na vida, há momentos em que ora sentimos, ora deixamos de sentir. E, quando deixamos de sentir alguém em nós ficamos bem mais leves. É por isso que eu só me peso nessas alturas. Assim num fico tão assustado com o meu peso lol

Ferdinand disse...

Conhces os Oquestrada??

:) disse...

(Isto não é uma crítica, apenas uma constatação.)
Credo, como pode ter amar alguém que nos faz tanto mal?

Será culpa apenas dele que, como disse a Ana, provavelmente nem sabe o mal que lhe fez? Ou também ela se entregou de tal forma que se colocou numa posição perigosa?

P.S.: Hmmm, sem querer ser mauzinho, mas o texto poderia ter sido revisto. Há falhas derivantes de escrever à pressa e distracção. Mas isto sou eu que digo, que sou esquisitamente perfeccionista. :)

Pipoca dos Saltos Altos disse...

"Talvez tenha sido cobarde ao deixar a cidade onde nos conhecemos, mas digo-te agora que sempre tive medo de ir na rua e de voltar a encontrar-te, de voltar a cruzar o meu olhar com o teu.", tentamos evitar isto para o resto da vida...