quinta-feira, 17 de março de 2011

Carta LXX

achava eu que o fogo estava controlado.  mas não.  ainda era cedo.  bastou um soprozinho para que as brasas adormecidas voltassem a arder cheias de vigor e vida. todo o meu esforço de tentar evitar que o teu oxigénio provocasse uma reacção inflamável foi em vão. o oxigénio que dá vida, fez estragos. alimentou as brasas medonhas a que me começava a habituar e aquele calor infernal fez-me de novo sentir viva, desperta e intensa. as chamas iluminaram de novo caminhos a que eu tão custosamente fui resistindo. o caos voltou-se a instalar. não me estou a queixar. gosto da vivacidade que o ardor traz à minha alma. gosto até de me sentir queimada, para depois sentir o alivio com algo apaziguador. mas apesar de sentir tudo isto, ser o que mais anseio, sei que, neste momento, as brasas soalheiras são o melhor para o meu equilíbrio. controlar o fogo é necessário, mas necessário é também o teu oxigénio. porque antes um fogo caótico ou umas brasas mornas, do que umas cinzas frias e mortas por desvanecimento de algo que já deu tanta vida.

...por Mónica.

3 comentários:

Andreia disse...

Uau... uma das melhores até hoje!

hug * disse...

fogo que arde sem se ver...
que queima de uma forma devastadora. cuidado que isto e perigoso :)

Miri* disse...

Conseguir sentir isso é um privilégio... uma dádiva... desfruta desse fogo e partilha esse oxigénio...

Vive cada pedaço...

Muito bom :D