quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Carta XXIV

Dias como este trazem-me sempre a tua voz. Não sei se é o cinzento do céu que apela à saudade, ou se é o frio que me traz o conforto dos teus braços, mas em dias como este sufocas-me sempre um pouco com a tua ausência. O problema, o eterno problema, é que eu não me esqueço. Os nossos planos continuam tão presentes em mim. Eu não me esqueço que já faltava pouco para escolhermos uma casa, para a mobilarmos num estilo moderno e vivermos juntos. Não me esqueço que íamos fazer jantares com amigos todos os fins-de-semana. Não me esqueço que íamos ter pelo menos dois filhos, um rapaz e uma rapariga, mas só daqui a alguns anos, e não me esqueço dos nomes que tínhamos escolhido para eles. Não me esqueço que as nossas próximas férias iam ser a Cancun ou a Punta Cana. Não me esqueço que não chegámos a conhecer a Zambujeira, nem chegámos a voltar ao Gerês. Não me esqueço de como íamos continuar a ser o exemplo do casal perfeito, de como toda a gente dizia que ficávamos bem juntos. Também não me esqueço que agora não sei de ti, estás tão ausente que não sei dos teus dias, das tuas noites, da tua presença noutros corações. E não me esqueço que faz hoje dois meses que chorámos a despedida, num abraço interminável, que trocámos o último beijo salgado pelas lágrimas. E eu nunca mais te beijei - não me esqueço. E mesmo agora, que posso dar-me a outras mãos, eu não me esqueço das tuas. Eu não me esqueço de ti... nem de como (ainda) te sinto em mim.

Por
Katie.



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Obrigada, mais uma vez, à Katie.
Ainda espero as vossas cartas (não) sentidas. =)

3 comentários:

Sophie disse...

Que bonito!
Escreves tão bem...

O canhoto disse...

:(
Força!

ninguém disse...

Obrigada eu, Lua... E a vocês pelos comentários***