A melhor pessoa que já conheci no mundo. Um carinho, uma generosidade, uma alegria como nunca ninguém viu. Ninguém excepto eu. Fui a pessoa mais sortuda e mais azarada no mundo. Sortuda por a conhecer e azarado por a perder.
Essa pessoa era o meu avô.
Não havia pessoa mais generosa, nunca o vi fazer um acto egoísta. Sempre nos deu o que podia e o que não podia dar. Lembro-me de estar com ele e com um primo meu (eu tinha cerca de 9 anos), tinhamos acabado de dar as voltas habituais e estávamos em casa a raspar as raspadinhas que o meu avô costumava comprar, quando de repente, eu disse: “Avô, ganhámos!!!” . E não é que tinhamos mesmo ganho? Mas o importante aqui não é o facto de termos ganho, é o uso que o meu avô deu ao dinheiro. Pegou no prémio e dividiu em dois. Metade, dividiu pelos filhos e pelos netos, não tirando nada para ele. A outra metade, usou para nos levar a todos a jantar fora. Tal era a generosidade, que ainda acabou por gastar do seu próprio dinheiro para pagar o jantar todo.
Esta é só uma das muitas vivências com o meu avô que marcaram a minha vida.
Sempre abriu as portas da sua casa a todos, recebeu-nos a todos várias vezes para jantar, tinha sempre jogos para brincarmos, oferecia-nos livros, contava-nos piadas, dava-nos doces, pagava-me 200 escudos à hora para lhe arrancar as ervas do jardim, deixava-nos fazer guerras de almofadas e levava –nos a passear. Toda a minha vida sempre me tratou de forma impecável.
Contudo, não escrevi esta carta para falar do quanto eu gostava do meu avô, mas sim o quanto ainda gosto.
Foi no dia 7 de fevereiro de 2007 que faleceu e foi enterrado dois dias depois, no dia do seu aniversário. Eu faço anos a dia 10 e sempre festejamos os nossos aniversários juntos. 2007 foi o primeiro ano em que não passamos os aniversários juntos. Foi também o ano em que passamos o primeiro natal sem ti, todos sentimos a tua ausência e o natal deixou de ter para nós o significado que tinha.
Nunca mais te visitei desde o dia em que te enterrámos, penso várias vezes em fazê-lo. Nas alturas em que estou mais fragilizado sinto sempre uma vontade enorme de ir ter contigo, por seres uma pessoa sábia e acima de tudo por teres um grande coração. Gostava de um dia conseguir ser metade da pessoa que foste. Creio que ainda não te visitei, por não te querer visitar pelos motivos errados. Sou infeliz e tenho passado por fazes complicadas. Não quero que me vejas assim, não quero que sofras. Quero que me vejas feliz e que te sintas orgulhoso de mim. Quero apresentar-te a minha mulher, os meus filhos e a minha vida recheada de alegrias. Gostava de conseguir espalhar um pouco da alegria e felicidade que tu espalhavas.
Ainda te sinto em mim, vais estar sempre no meu coração. Isto não é um adeus, é um até já. Espero visitar-te umas vezes e um dia quando o meu corpo já estiver cansado, partir para junto de ti.
Essa pessoa era o meu avô.
Não havia pessoa mais generosa, nunca o vi fazer um acto egoísta. Sempre nos deu o que podia e o que não podia dar. Lembro-me de estar com ele e com um primo meu (eu tinha cerca de 9 anos), tinhamos acabado de dar as voltas habituais e estávamos em casa a raspar as raspadinhas que o meu avô costumava comprar, quando de repente, eu disse: “Avô, ganhámos!!!” . E não é que tinhamos mesmo ganho? Mas o importante aqui não é o facto de termos ganho, é o uso que o meu avô deu ao dinheiro. Pegou no prémio e dividiu em dois. Metade, dividiu pelos filhos e pelos netos, não tirando nada para ele. A outra metade, usou para nos levar a todos a jantar fora. Tal era a generosidade, que ainda acabou por gastar do seu próprio dinheiro para pagar o jantar todo.
Esta é só uma das muitas vivências com o meu avô que marcaram a minha vida.
Sempre abriu as portas da sua casa a todos, recebeu-nos a todos várias vezes para jantar, tinha sempre jogos para brincarmos, oferecia-nos livros, contava-nos piadas, dava-nos doces, pagava-me 200 escudos à hora para lhe arrancar as ervas do jardim, deixava-nos fazer guerras de almofadas e levava –nos a passear. Toda a minha vida sempre me tratou de forma impecável.
Contudo, não escrevi esta carta para falar do quanto eu gostava do meu avô, mas sim o quanto ainda gosto.
Foi no dia 7 de fevereiro de 2007 que faleceu e foi enterrado dois dias depois, no dia do seu aniversário. Eu faço anos a dia 10 e sempre festejamos os nossos aniversários juntos. 2007 foi o primeiro ano em que não passamos os aniversários juntos. Foi também o ano em que passamos o primeiro natal sem ti, todos sentimos a tua ausência e o natal deixou de ter para nós o significado que tinha.
Nunca mais te visitei desde o dia em que te enterrámos, penso várias vezes em fazê-lo. Nas alturas em que estou mais fragilizado sinto sempre uma vontade enorme de ir ter contigo, por seres uma pessoa sábia e acima de tudo por teres um grande coração. Gostava de um dia conseguir ser metade da pessoa que foste. Creio que ainda não te visitei, por não te querer visitar pelos motivos errados. Sou infeliz e tenho passado por fazes complicadas. Não quero que me vejas assim, não quero que sofras. Quero que me vejas feliz e que te sintas orgulhoso de mim. Quero apresentar-te a minha mulher, os meus filhos e a minha vida recheada de alegrias. Gostava de conseguir espalhar um pouco da alegria e felicidade que tu espalhavas.
Ainda te sinto em mim, vais estar sempre no meu coração. Isto não é um adeus, é um até já. Espero visitar-te umas vezes e um dia quando o meu corpo já estiver cansado, partir para junto de ti.
Por Luis.
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Obrigada ao Luis, mais uma vez, pela carta.
E não me canso de agradecer a todos os que mandam cartas. Ainda tenho umas tantas para repsonder!
Publicarei todas, mesmo que demore, porque eu as vezes ando um bocado a dormir!=)
8 comentários:
LOL
Não estou de ressaca, mas é como se tivesse estado! Ando com um bocado de alergia, que não tem ajudado muito nos sonos... :P
Obrigado eu Lua. E o que disse não foi da boca para fora, se precisares de alguma coisa é só dizeres! beijinho e ânimo!
Que bonito, Luís.
Eu comecei por escrever o meu próprio blog com a morte da minha avó.
Era a vida em pessoa, também. Muito generosa e muito MULHER. Muito poderosa.
Desde os meus 13 anos que o Alzheimmer começou a atacar-lhe o sistema... E as memórias de a ver sã desde então não são muitas... Mas enfim.
As boas memórias sempre ficarão.
Bom post.
Belo blog, Lua.
Adoro, adoro, adoro o que fazes aqui. - E desculpa por ter postado a minha "carta". Antecipei-me porque estava a morrer de loucura. :$
Beijinho *
Obrigado Inês,
Lamento o que se sucedeu com a tua avó, não deve ter sido nada fácil...
A vida nem sempre é justa com as pessoas, mas pronto, são coisas que acontecem e nos marcam. Só temos que tentar aprender a lidar com elas.
beijinho
Lindo mesmo! Parabéns ao Luís pelo texto.
Então depois vou ter de me aconselhar contigo sobre Barcelona :)
Obrigado Cat =)
Muito Bonito!! Muito gostaria de ter conhecido alguém assim...
O meu avô é assim. Depois de ler o que o Luís escreveu, vou escrever uma carta ao meu avô e dizer o quanto gosto dele e o quanto é importante para mim, já que estou longe dele. antes que seja tarde.
Beijo
Annie às vezes é bom escrever às pessoas para relembrar que gostamos delas =), isso geralmente toca.. As pessoas gostam de se sentir amadas e desejadas! =)
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